

As maternidades oferecem testes em recém-nascidos para identificar deficiências ou prever doenças. Da orelhinha e do pezinho são os mais conhecidos.
Dê um salto distante ao futuro e imagine o feto sendo investigado para saber se será um criminoso. Impressionante tal estágio da ciência. Nada mais surpreenderá, o indivíduo estará totalmente mapeado. A natureza humana, rendida pelo neonazismo.
O deputado Laerte Bessa (PR-DF) dirige essa ficção em entrevista concedida por telefone ao repórter Bruce Douglas, do jornal britânico The Guardian. O relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 171, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos, aposta em sucessivas reduções, até chegar na barriga das mulheres, daqui a 50 anos.
Laerte Bessa (de barba)
Até lá, os cientistas já descobriram uma forma de descobrir se o moleque é criminoso e então não vai deixar nascer. Aí vai resolver o problema.
Antes da divulgação do áudio, o deputado negou que tenha falado em aborto, "porque é contra", e que havia sido mal interpretado. O repórter, ao ouvir o presciente, insistiu: "O senhor fala sério ou está brincando?". A ligação caiu. Daria tempo para Bessa repensar e cortar a cena, mas confirmou-a com extrema convicção.
Do jeito que o ódio está disseminade e a vingança se tornou arma de justiça, Bessa é sério candidato ao Oscar de melhor relator.
Mauro Sampaio
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