A onda de desinformação em tempos de internet é algo assustador. E isto é um paradoxo, pois quando tudo isso começou pensávamos que seria justamente o contrário. Achávamos que finalmente nos livraríamos das versões do fato para termos, enfim, apenas o fato, sem versões. Com a internet, governos e corporações não mais nos enganariam, porque agora nós beberíamos a notícia diretamente da fonte, em tempo real, sem intermediários interessados em distorcer os fatos a favor de “a” ou de “b”.

Ledo engano, porém! Agora, a profusão de versões que são criadas para um mesmo fato é causa de desinformação ainda maior. Pessoas e grupos mal-intencionados se aproveitam da credulidade natural do ser humano para incutir no imaginário popular uma visão de mundo irreal. Os memes, as lacrações, as fake news, os "influencers" e suas frivolidades, tudo isso cria uma confusão tal em nosso espírito que chega a um ponto em que já não é mais possível saber o que é real e o que é ficção, o que é verdade e o que é mentira. Passamos a viver numa espécie de universo paralelo, no qual “acreditamos” nos maiores absurdos como se verdades fossem.

Um sujeito qualquer faz uma careta e tem milhões de acesso; um estudioso publica um artigo e tem apenas algumas dezenas de leitores. Que desgraça para a humanidade!
 
No entanto, nós não podemos esquecer que as versões, e não os fatos, são a causa de todas as guerras; as versões dos senhores da guerra, que a sociedade “compra” sem questionar o preço. E a tendência é piorar, a menos que voltemos urgentemente à leitura de bons livros, de bons artigos de jornais, revistas e sítios especializadas, de crônicas, de contos e de romances. Só assim retomaremos nossa consciência crítica e sairemos do universo paralelo em que a internet nos jogou.