

Luiz Inácio Lula da Silva completa 70 anos. Era um cabra marcado para não ser nada, mais um nordestino nascido sob o signo da miséria. A mãe, Lindu, decidiu pegar o pau de arara em Garanhuns (PE) com uma trouxa de filhos e uma modesta esperança de arrumar trabalho e dar o que comer aos seus dependentes.
Lula é o ponto fora da curva nessa história de tantas outras famílias que abandonaram o sertão em busca da sobrevivência. Ele simplesmente variou e se tornou Presidente da República. Todos os erros políticos e administrativos do fundador do PT são pequenos diante da sua obstinação de fazer com que o mais simples brasileiro tenha a dignidade de fazer três refeições ao dia.
A grande obra de Lula, ele mesmo se orgulha, é ter colocado o miserável no orçamento da União.
Para isso, teve que aceitar alianças inimagináveis na primeira eleição perdida, em 1989. O mensalão e o petrolão, escândalos de corrupção dos governos dele e da sucessora, Dilma Rousseff, colocam em risco uma biografia vencedora. Ao completar sete décadas de "sobrevivência", Lula agora luta para provar que o filho de Dona Lindu que ousou furar o bloqueio da Casa Grande não caiu em tentação.
Acusado de tudo um pouco, se escapar das suspeitas do Ministério Público e da Polícia Federal poderá dar muito trabalho aos candidatos mais jovens em 2018. Um ponto fora da curva não é fácil de apagar.
Mauro Sampaio
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