

Os peemedebistas realizam congresso em Brasília para marcar posição de independência do PT, quem sabe, logo mais, do próprio governo do qual fazem parte, com o vice-presidente, Michel Temer, ministros e cargos a perder de vista.
O partido lançou um programa com um título para não deixar dúvidas de que está em travessia: Uma ponte para o futuro. Temer se mostra apto a liderar "a retomada do caminho do crescimento, da justiça social e da estabilidade institucional". Se é uma retomada, o vice de Dilma insinua que tudo foi perdido com a petista.
A economia estagnada e a instalibidade institucional são reais. A justiça social, um tema caro ao PT, corre riscos de não progredir.
O PMDB afirma que não é culpado pela crise econômica porque quem manda é Dilma. Afinal, o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é dela, e desagrada até o PT. Já, a crise institucional, que ameaça abreviar o mandato da "coração valente", tem muito a ver com o PMDB.
Temer é dúbio, coloca-se como aliado e também acena para defensores do impeachment. O Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preparava o terreno para a abrir o processo antes de se enrascar com suas contas secretas na Suíça.
Há críticas internas ao programa do PMDB. O senador Roberto Requião (PMDB-PR) acusa correligionários de estarem aguardando ansiosos a queda de Dilma Rousseff para que Michel Temer assuma o governo "com uma pauta muito pior que atual".
Requião renomeia o programa: "Uma ponte para o inferno":
O que me deixa mais estupefato é que o documento, sem autores, busca sua credibilidade apenas no nome da Fundação Ulysses Guimarães. Ora, o documento defende acabar com a Constituição Cidadã, construída sob a batuta e liderança do verdadeiro Dr. Ulysses. Ela é reconhecidamente a maior realização da sua vida.
Mas o documento vai além de propor uma grande borracha para apagar os fundamentos da Constituição de 88. Em mais uma amostra de adesão ao pensamento único, toma os índices de competitividade como argumento a fim de preconizar o Estado mínimo e ataque aos direitos trabalhistas.
Michel Temer disfarça sobre boatos de que conspira contra a companheira: "O PMDB não vai sair do governo. 2018 só em 2018." Mas, está lançada a pedra fundamental da ponte da separação.
Mauro Sampaio
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