

A primeira Marcha das Mulheres Negras em Brasília poderia ter percorrido sem incidentes a Esplanada dos Ministérios não houvesse nas proximidades do Congresso Nacional um acampamento em defesa da ditadura militar. Também ficaram barracas seguidores dos movimentos que rogam pelo impeachment de Dilma Rousseff, não importa que seja Eduardo Cunha o acusado de ter milhões de dólares na Suíça.
Com a permissão do Governo do Distrito Federal e do Presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), militaristas e impeachmistas já se consideram donos do pedaço. Qualquer outra manifestação deve respeitar o "direito de propriedade". Essa regalia terminou provocando o maior rebu.
Mulheres e homens da marcha avançaram contra o gigante boneco militar que enfeia a Esplanada e calaram os "patriotas" ao canto de "nazistas, fascistas, não passarão". O revide foi violento: potentes bombinhas e até tiros para o alto. A polícia custou a chegar para separar os grupos dissidentes. os impeachmistas se recolheram e viram suas faixas serem substituídas por "Fica Dilma", "Não ao Golpe" e "Respeito à democracia".
A Esplanada dos Ministérios é palco de constantes manifestações. Qualquer ocupação que se prolongue no tempo estará sujeita a contestações acirradas. Quando o espaço pertence a todos, ninguém deve ser autorizado a levantar acampamento, içar bandeiras e bonecos infláveis. A democracia exige espaços livres.
Mauro Sampaio
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