

Se dependesse das capas da Veja, de comentaristas antipetistas e de uns tais revoltados on line o ex-presidente Lula estaria no xilindró bem antes da reeleição de Dilma Rousseff, que não teria, assim, sido reeleita.
A Operação Lava Jato está no encalço de Lula desde sempre. O esquema de propinas na Petrobras, que não teve início no governo petista, mas é só a partir dele que é investigado, é desvendado por delatores dispostos a escapar de penas de reclusão contando ao juiz federal Sérgio Moro que o ex-presidente é o cara da quadrilha.
Depois de tanto ser chamado de ladrão (com direito a boneco inflável gigante com roupa de presidiário) e de estar supostamente quase preso, Lula decidiu sair em defesa da sua honra, esculpida por dona Lindu, que carregou os filhos famintos do sertão pernambucano para São Paulo, naquele tempo em que Bolsa Família era um prato de comida e um copo d´água dado por um generoso coronel político da estiagem.
Lula tem dito em entrevistas à grande imprensa que não lhe falta vergonha na cara, herança da mãe que morreu sem imaginar que o retirante, metalúrgico e sindicalista viraria Presidente da República, contrariando, radicalmente, o destino dos que nascem para ser pobres e invisíveis.
Provar que tem vergonha na cara é provar a inocência. No Brasil de condenações preventivas é preciso dizer alguma coisa em defesa própria mesmo que não haja uma denúncia formal. Não vem ao caso, diria Moro, Lula é pessoa pública e deve satisfações por seus atos e de quem agiu em seu nome, ainda que sem o seu conhecimento (tão comum na política).
O ex-presidente desafia o melhor amigo, o pior inimigo e todos aqueles, empresários e sindicalistas, que conversaram com ele, durante e depois dos oito anos de mandato, que digam se alguma ilegalidade foi discutida e decidida.
Como determinar ao amigo pecuriasta José Carlos Bumlai que pegasse dinheiro de doleiro para pagar dívida de uma nora e que arrumasse dinheiro para o PT com empresário em troca de um contrato bilionário com a Petrobras. Bumlai está preso pela PF, a mando de Moro, para que se descubra até onde foi essa amizade.
Se houver provas de que ele não honrou dona Lindu é porque não tem vergonha na cara e o mundo está diante de uma liderança escandalosamente cara de pau.
Mauro Sampaio
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