

Não faltava mais nada na Lava-Jato. A audiência até caia, o assunto enjovava. O líder do Governo no Senado Federal, Delcídio Amaral (PT-MS), salvou a operação ficar no ramerrão de vazamentos e prisões de peixes pequenos.
Todos já sabem que o PT está em demolição e que campanhas milionárias do partido e de outros, como o PMDB, foram abastecidas pelo toma-lá-dá-cá do contrato de empreiteiras com a Petrobras.
Delcídio está preso pela elaboração de um plano mirabolante de fuga para o delator Nestor Cerveró e uma "pensão vitalícia" de R$ 50 mil paga pelo banqueiro André Esteves (também enquadrado pela Polícia Federal) se o ex-diretor da estatal deixasse de incluir informações sobre a participação do senador no acordo de abrir o bico ao juiz Sérgio Moro.
Tudo registrado por uma gravação feita pelo filho de Cerveró. O líder do Governo iria "convencer" ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) - o tucano Gilmar Mendes - a conceder habeas corpus ao condenado e o mandaria para fora do Brasil, onde gozaria a liberdade até o fim da vida.
Ingenuidade indesculpável para um político que já esteve no PSDB e ocupou cargo de direção na Petrobras no governo FHC. O mais amador dos mafiosos saberia que o plano iria afundar (se Cerveró fugisse de barco para a Espanha) ou ser abatido (se Cerveró fugisse num avião do banqueiro). Muita gente envolvida nessa tentativa de estelionato. Talvez por isso, o filho do delator preferiu abortar tudo. Melhor cumprir uma pena premiada, curta, do que o pai procurado pela Interpol.
A saída para o desastrado senador é virar o próximo delator da Lava-Jato. A história deve ser longa e tenebrosa.
Mauro Sampaio
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