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Lady Total

 

"Ópera pop transfigurou o conceito wagneriano de arte total"

 "Ópera pop transfigurou o conceito wagneriano de arte total"

O compositor alemão Richard Wagner ansiava por uma obra de arte total, um “gesamtkunstwerk “(em alemão). Projeto estético pensado em pleno romantismo do século XIX e que procurava revolucionar a forma da ópera, fundindo várias linguagens estéticas em um só espetáculo.

Nas areias de Copacabana, Lady Gaga atingiu esse feito. Sua ópera pop transfigurou o conceito wagneriano de arte total. O talento da popstar mostrou do que ela é capaz, fundindo canção, dança, teatro, encenação, figurinos, perfomances, música, câmeras, luzes, ação…

O conceito de espetáculo artístico musical tem alcançado resultados inimagináveis com o avanço tecnológico e das possibilidades infinitas da indústria cultural. Lady Gaga, ali dentro, foi soberana no comando dos quatros atos de sua ópera monstruosa de recursos criativos. 

Destaco o momento quando encenou a canção “Scheiße” (olha só, curiosamente diz: “eu não falo alemão, mas gostaria de poder…”), numa espécie de arena romana, mimetizando copistas medievais com suas canetas penas e seus papiros, registrando o palimpsesto, no qual seria escrito o texto do espetáculo. 

E como se não bastassem todos os artífices faraônicos operísticos, em alguns momentos ela se despe dos invólucros camaleônicos e surge serenamente com as emoções sem filtros, como quando lê uma missiva aos fãs. Carta mesmo, escrita em papel, sem teleprompters, com tradutor brasileiro ao lado, sem legendas, sem qualquer tecnologia, naquela bancada, que lembra a de Julieta Shakespearena, e declara seu amor pelo que sente e faz, quebrando a quarta parede teatral para atingir seu público brasileiro em outra rotação de signos afetuosos.

Lady Gaga é compositora, cantora, pianista, atriz, performática e exata em sua totalidade artística. Wagner iria gostar…

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Feliciano Bezerra, professor doutor da UESPI - nas redes sociais. 
 

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