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Quinta-feira, 15 de maio de 2025
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cantidiosfilho@gmail.com

15/05/2025 - 08h11

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Calou-se a Voz Incômoda

 

Mujica deixou também o exemplo de coragem, dignidade, humanismo.

 Mujica deixou também o exemplo de coragem, dignidade, humanismo.

Saiu de cena na tarde de terça-feira (13/05/25), um CIDADÃO considerado “mau exemplo” por políticos corruptos de todos os matizes ideológicos. José Pepe Mujica, ao 89 anos de idade, insistia em ser ético, honesto, humano. Um homem que gostava de ser reconhecido como um simples florista.

Foi guerrilheiro quando a luta armada lhe pareceu a única forma de combater a ditadura que asfixiava o Uruguai na década de 1970. Capturado, preso, torturado, foi literalmente enterrado num calabouço por 13 anos. Para quem não gosta de ler, há o filme “Uma noite de 12 anos”, bastante bom.

Com o fim da ditadura, ingressou na política em 1989. Foi deputado, senador e presidente do Uruguai (2010 - 2015). Não há notícias de que, ao chegar ao poder, tenha perseguido os que o torturaram. Como presidente defendeu pautas polêmicas como a descriminalização do aborto e a legalização da maconha. Ao contrário do que previam seus detratores, o Uruguai não se transformou no “paraíso das perdidas e dos narcotraficantes”. Por oportuno, vale destacar: destinava ¾ do seu salário para uma instituição que cuida de moradia para desvalidos.

Para a esquerda latino-americana, Pepe Mujica era um “ícone”, título que jamais aceitou. Era um homem avesso a pompas, simples e alegre. Quando entrou na política, o seu patrimônio era constituído de um pequeno sítio nos arredores de Montevidéu, um trator e um fusca azul-calcinha. Ao sair de cena, foi o que deixou para a companheira de lutas, Lucia  Topolansky. 

Deixou também o exemplo de coragem, dignidade, humanismo. Mas quem está interessado nisso?

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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais. 


 

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