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Redação

contato@acessepiaui.com.br

23/05/2020 - 20h36

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23/05/2020 - 20h36

O filme da reunião ministerial e o clima de guerra fria que tende permanecer

Não parece existir ninguém com força para apertar o botão vermelho do míssil nuclear. A batata quente vai agora para as mãos do PGR.

 

Reunião no Palácio do Planalto no dia 22 de abril

 Reunião no Palácio do Planalto no dia 22 de abril

Depois de muita ansiedade, finalmente tivemos acesso ao filme mais esperado da pandemia.

Na película, Bolsonaro comanda a reunião de um comitê revolucionário destinado a livrar o Brasil das instituições corrompidas, dos “ratos que infestam Brasília” e dos comunistas. Um verdadeiro messias liderando a “refundação” do país.

No meio da maior crise humanitária e econômica de nossa história, nenhuma palavra sobre o drama. A reunião foi uma tentativa de unificar o governo em torno de alguns “atributos”: Deus, família, liberdade individual e econômica, e nação.

Alguém se lembra de alguma proposta de campanha do Jair? Foram estes valores que o levaram ao Planalto. Tudo parece muito absurdo, mas pode fazer sentido para o seu eleitorado cativo.

O discurso radical, indignado e antissistema surfa na onda nascida em 2013 e turbinada pela Lava Jato. O fato de se tratar de uma reunião interna fortalece o atributo da sinceridade. Os ataques ao “bosta” e ao “estrume” buscam fechar a porta pela direita.

Foi nítido como seu público saiu das cordas e retomou a ofensiva nas redes. O vídeo parece ter reunificado os seus 30%.

É pouco provável que ele extrapole este percentual. O caminho seria a retomada econômica, uma equação improvável com a permanência de Guedes no governo.

A batata quente vai agora para as mãos do PGR. Se ele decidir prosseguir, o jogo será resolvido no Congresso. O clima de “guerra fria” tende a se manter com provocações de parte a parte. Não parece existir ninguém com força para apertar o botão vermelho do míssil nuclear.

O grande obstáculo a um desfecho diferente continua sendo a ausência de unidade na oposição, que se dividiu até na avaliação do vídeo.

O PT marchou afirmando que Moro não sabe o que são provas, desmoralizando a narrativa do ex-juiz sobre a reunião. Os companheiros buscam sua suspeição no STF e a anulação das condenações de Lula. Jogaram o jogo Lula 2022.

O resto da esquerda, com uma ou outra exceção, seguiu com a Globo na linha de que a reunião comprovou a denúncia de Moro e os crimes de responsabilidade.

A oposição liberal também se dividiu entre os que viram provas, os que não viram, e os que, sem interesse na queda de Bolsonaro, criticaram o capitão por outros motivos.

A fragmentação favorece o presidente. A ameaça autoritária acabará impondo uma concertação das oposições? Os sinais são preocupantes. Ciro e LuLa já assinaram os termos de uma separação litigiosa.

O impacto da pandemia no eleitorado permanece sendo uma incógnita. Já ultrapassamos 21 mil óbitos e a pesquisa feita por um site de esquerda indica que Bolsonaro lideraria a corrida presidencial hoje com 31% dos votos, distante dos demais candidatos. É pouco?

Uma dica: na história das eleições presidenciais, nunca houve uma virada do primeiro para o segundo turno.

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Ricardo Cappelli é jornalista, nas redes sociais. 

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