Era um de meus lugares favoritos de frequentar em São Paulo. Às vezes sequer comprava algum livro, apenas tomava um café e fazia o passeio ótico e tátil pelas côndolas, expositores e lombadas de livros, vendo os lançamentos, folheando um ou outro, lendo as orelhas, os trechos ou opiniões de 4ª capa, prefácios, um capítulo teórico, um conto inteiro, poemas esparsos e, discretamente, cheirava-os, numa espécie de antecipação sinestésica da leitura.
Ainda guardo algumas sacolinhas charmosas que embalavam seus produtos, e o cartãozinho de desconto…
Mesmo de volta a Teresina, continuava comprando lá, via net, depois fui sugado pela Amazon.
A notícia de sua falência/fechamento é golpe duro na cultura do livro, no espaço do livro. A sentença do juíz, ainda que redigida com linhas simpáticas, citando até José Saramago, foi inexorável por conta do gélido resultado judicial. E sabemos tratar-se de uma ponta icônica no seguimento livreiro, pois, como a Livraria Cultura, outras tantas também não resistem em manter suas estruturas físicas. A disponibilidade, algo cômodo, da compra on-line é avassaladora; e o pedido nos chega, via correios, dias depois, adiando um pouco o prazer do manuseio e uso dessa droga viciante chamada livro.
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Feliciano Bezerra é professor doutor da UESPI - nas redes sociais.
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