Precisou Lady Gaga vir à praia de Copacabana fazer um show para o público brasileiro transmitido em cadeia nacional para mostrar à população, aos gestores e políticos que investimento em cultura importa. A cantora e multi-instrumentista reuniu o maior público de sua carreia no espetáculo com mais de 2 milhões de pessoas no Rio de Janeiro na noite deste sábado, 3 de maio, pessoas que vieram de diversas partes do Brasil e de outros países.
A nova-iorquina fez um espetáculo digno de Broadway. Em cinco atos, o show contou com a mudança de cenários, a participação de músicos, a teatralidade de dançarinos, telões gigantescos e uma equipe de audiovisual para transmitir o show no local e para o público Brasil a fora. O país parou para ver aquela estrutura gigantesca. Lady Gaga começou o espetáculo com a música Bloody Mary, o hit que ficou famoso com o filme Wandinha, além de contar com sucessos da carreira da artista, como Alejandro, Born This Way, Shalow, encerrando com Bad Romance.
Fãs viajaram de estados do Norte e do Sul do Brasil e de outros países com um, dois dias e até uma semana de antecedência para garantir que estariam perto de Lady Gaga, aguardando-a na porta hotel, garantindo um lugar mais perto do palco onde a diva faria sua apresentação histórica.
De acordo com dados do setor de hotelaria da cidade do Rio de Janeiro, a capital carioca apresentou 98% da capacidade de lotação de hospedagem durante o final de semana da apresentação. Isso se estende ao consumo dos turistas em bares, restaurantes, supermercados, passagens de ônibus urbanos, interestaduais, passagens aéreas, lojas, shoppings, etc. É a economia como um todo girando por causa do investimento em cultura.
Enquanto o país vai na contramão, com o Congresso Nacional cortando na raiz os recursos para a cultura no país, o espetáculo promovido este final de semana mostra que as pessoas precisam de eventos culturais. A população precisa sim de escolas, hospitais, saneamento básico, segurança e infraestrutura, mas não se pode renegar as vivências culturais a um povo: isso é querer que subsistam.
E quando se fala de investimento em cultura, não estamos falando apenas em shows da magnitude de Lady Gaga, que também mostram sua importância para a visibilidade do setor, mas estamos expondo a necessidade de investir em pluralidade dos seguimentos, distribuindo recursos para a cultura popular, a cultura afro, o rock, no teatro, nas artes plásticas, no circo, no audiovisual... Afinal, o Brasil é um país completamente plural e multicultural e precisamos cada vez mais investir na pluralidade de linguagens, expandindo nossos conhecimentos e preservando nossa memória.
O brasileiro é um povo que respira cultura. Que no seio da sua simplicidade inventou o samba, o forró, realiza as festas juninas, o reisado, mantém a cultura do riso com a comédia e a palhaçaria, incentiva a leitura nas classes com menos recursos, faz da rua o palco para o teatro da vida. O brasileiro fez da plateia do show da Lady Gaga o próprio espetáculo. Não é este o povo do qual se pode retirar o que mais lhe representa: a arte.
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