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Quinta-feira, 18 de abril de 2024
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Ana Regina Rêgo

Ana Regina Rêgo

anareginarego@gmail.com

12/11/2020 - 10h04

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Ana Regina Rêgo

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12/11/2020 - 10h04

A construção intencional da ignorância

 

A CONSTRUÇÃO INTENCIONAL DA IGNORÂNCIA:  o mercado das informações falsas, este é o título do meu último livro publicado pela Ed. Mauad X- Rio de Janeiro e escrito em parceria Marialva Barbosa, Professora da UFRJ.
 
Então hoje, peço licença aos meus leitores para falar de um trabalho acadêmico realizado a partir da pesquisa de Pós-Doutorado que fizemos entre março de 2019 e março de 2020 na Universidade Federal do Rio de Janeiro e na qual mergulhamos no fenômeno da desinformação no Brasil, passando também por alguns outros contextos, como da Rússia, o da Inglaterra e  o dos Estados Unidos.
 
Como podem perceber este trabalho acadêmico reflete muito da minha atuação no ambiente social na atualidade, tanto como professora e pesquisadora dentro da Universidade Federal do Piauí,  como jornalista/colunista do Jornal O Dia e Portal Acesse Piauí, além da atuação em Instituições nacionais como a Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas da Comunicação-SOCICOM que presido até o final do corrente ano, além da Rede Nacional de Combate à Desinformação-RNCD que criamos recentemente e que coordeno. Em todas essas frentes que se dividem em muitas outras, temos atuado no combate à desinformação que atinge cerca de 62% dos brasileiros que, como dito, nesta coluna várias vezes, não sabe discernir uma informação de uma narrativa desinformacional, o que nos dá um indicativo de que todos nós podemos, em algum momento, ser vítimas da desinformação que nos rodeia e nos cerca.
 
Vale ponderar que as narrativas desinformaconais estão cada vez mais difíceis de verificação, visto que seus autores hibridizam fatos com fraudes, manipulação com imprecisão e descontextualização, levando o jornalista a um trabalho exaustivo de checagem de ponto a ponto das narrativas impressas, audiovisuais e de áudios. Em nosso projeto de verificação de informaçõesna UFPI, o NUJOC Checagem (www.nujocchecagem.com.br) comumente chegamos a usar várias etiquetas quando estamos checando se um vídeo possui algo de real, sobretudo,  porque, na maioria das vezes, parte do vídeo fala algo verdadeiro, logo em seguida vem algo completamente fake e assim sucessivamente, o que faz com a população não tenha recursos para efetivamente conferir o que é verdade ou fraude.
 
Como já falado aqui em outras ocasiões, o fenômeno da desinformação que, em verdade se vende à sociedade como fenômeno da informação, não revelando sua verdadeira natureza,  compõe-se de várias dimensões e se estrutura em algumas vertentes, uma mercadológica que por sua vez, possui também um braço político, que é a vertente que tratamos no livro aqui mencionado. Já a outra vertente nasce no seio da própria sociedade, cujos cidadãos, na ânsia de contribuir para esclarecer algo que acredita ou que a sua experiência o faz acreditar, termina também por produzir narrativas desinformacionais. Ambas as narrativas, sejam produzidas no mercado da desinformação ou pelos próprios cidadãos, terminam circulando com grande potência no contexto social, prejudicando, principalmente, um dos modos de cognição que é a compreensão de que é dotada o ser humano. Esse prejuízo em tempos de pandemia tem levado muitas pessoas a contrair a COVID-19 e na pior das hipóteses tem levado à morte, motivo pelo qual a UNESCO, a OMS e a ONU tratam o fenômeno da desinformação como desinfopandemia.
 
Em suma “o livro faz um percurso pelos processos de construção intencional da ignorância em países como Rússia, Estados Unidos, Inglaterra e finalmente Brasil. O foco concentra-se nas eleições presidenciais e no primeiro ano do Presidente Jair Bolsonaro, responsável por um grande número de informações consideradas falsas ou imprecisas, a exemplo de Donald Trump nos Estados Unidos. O modelo de agnotologia replicado entre os países parece ter encontrado terreno fértil no Brasil e que tem como epicentro o denominado gabinete do ódio, sediado no Congresso Nacional. O livro percorre os processos de construção da ignorância no cenário político e chega até a desinfopandemia que juntamente com a pandemia da COVID 19 traz prejuízos irreparáveis para as sociedades".
 
Nesse sentido, “a construção intencional da ignorância se tornou parte de um processo mercadológico e de manipulação política das massas em vários países. Esse processo chegou ao Brasil impulsionado pela atuação de vários movimentos no contexto de criação de um cenário preparatório para o impeachment da ex-Presidenta Dilma Rousseff entre 2013 e 2016, embora rastros de que já estava atuando no Brasil anteriormente, existam. Novas conformações midiáticas e recursos tecnológicos foram acionados e aliados à ferramentas desenvolvidas dentro da Psicologia comportamental com o objetivo de trabalhar narrativas diretas e direcionadas a cada perfil psicológico de público identificado, atingindo  emoções, valores e crenças dos públicos de interesse previamente definidos e identificados. Neste livro, as autoras percorrem o caminho que levou o Brasil e os países já mencionados, a mergulhar em um processo de ignorância intencional que se caracteriza pelo negacionismo científico, histórico e por um confronto entre o jornalismo e o fluxo de informações falsas que correm via mídias sociais digitais”.
 
O livro pode ser adquirido no site da editora Mauad X nas versões impresas e e-book. Para maiores informações acesse https://www.mauad.com.br . O livro também pode ser comprado em outros sites e livrarias disponíveis na web.
 
 
 

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