Na estrutura hierárquica da igreja católica, o poder supremo e vitalício é auferido ao pontífice, eleito por colégio eleitoral formado por cardeais. os fiéis e seguidores não votam, não escolhem, apenas aguardam a fumaça branca…
Ainda que se trate de um tipo de poder político, não se pode comparar o exercício mandatário da igreja católica com regimes estatais montados para cuidar de unidades federativas, estaduais ou municipais. O curioso é que o Vaticano é considerado um estado, com toda formatação de organização pública, o poder praticado deveria atender então às demandas daquela comunidade; porém, o papa administra o que está ali e suas ações espraiam-se por várias partes do mundo, com rigorosas e poderosas estruturas. Diz-se que a razão está por se tratar de poder fundado na espiritualidade, montado sob dogmas e crenças com a intenção de atingir indivíduos, idealizando-os como dissociados de sistemas de classes, de divisões territoriais, comportamentais etc. Se é que isto seja possível.
Como somos seres de cultura, portanto mobilizadores simbólicos, toda nomenclatura é necessária para suprir as distinções em nossas infinitas ordens existenciais. Nomear o papa como Rei, Majestade, por exemplo, não cairia bem, ainda que lhe seja outorgado poder absoluto. A solução foi criar o sintagma pronominal ‘sua santidade’, porque aí eleva-o à categoria de divindade, legitimando seu poder, em meticulosa estratégia de afastar-se do inconveniente e contraditório que se verifica nas dinastias e reinados, onde um mortal seria o escolhido por um deus.
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Feliciano Bezerra é professor doutor da UESPI - nas redes sociais.
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